Há momentos na vida tão intensamente vividos que transcendem o tempo
e o espaço, dando-nos uma dimensão nova, deliciosamente nova, que parece
fugir à realidade. São momentos únicos que deixam uma marca indelével na memória.
Momentos como esses o “65” oferecia. A música cativante, no caso a do filme
Casablanca, “As Time Goes By” interpretada por Sam (ator Dooley Wilson) marcou
o romance vivido por Richard e Ilsa (atores Humphrey Bogart e Ingrid Bergman) em
1942. É essa lembrança eterna, intocável, surpreendente e sedutora que nos remetia
a um clima mágico, fazendo pulsar mais forte o coração, sendo o “65” o elo que nos
propiciava esses momentos da mais pura emoção.
Foram tantos os artistas e ‘”shows” que existiram que é impossível relatar
todos.Vamos a alguns:
1) A do músico sax-tenor e sax-soprano norte-americano Booker Pittman,
o maior instrumentista, segundo jornais americanos de sua modalidade, que
ficou aqui uma semana, junto com o banjista Francisco Eduardo. Booker Pittman,
falecido em 1969, é pai da cantora Eliana Pittman e era da linhagem nobre dos
negros norte-americanos. Seu avô foi fundador no Alabama, da “Tuskegee Institute”,
a primeira Universidade para negros dos Estados Unidos. Após sua morte foi
homenageado com nome de rua em São Paulo e pelo cantor Tim Maia com a
música “Tributo a Booker Pittman”;
2) O pianista Felix Otto Sachse, que tocou no Cassino da Urca do Rio de
Janeiro, ficou aqui um mês, acompanhado do baterista Luiz;
3) Show “Uma noite no Paraíso”, com várias cantoras e modelos da Votorantin
e Matarazzo;
4) Show de revistas de Mário Mascarenhas e suas lindas garotas;
5) Apresentação das Orquestras Marajoara, Arley, Hélios Trica, Ruy Rei,
Conjunto African, Vogue, Amador Longhini, Abílio Salgado, vários cantores, tenores,
grupos ou trios de músicos Espanhóis, Argentinos, Paraguaios, Mexicanos e mímicos,
transformistas, pantomimistas, etc.
Ali se iniciaram flertes, namoros, que culminaram em casamentos. Era ponto
de reunião e de comemoração de várias Entidades e pontuava em todos os
movimentos da Cidade. Comemorava datas especiais e fazia baile no “reveillon”
e nos Carnavais. Enfim o “65” ficou na memória daqueles que tiveram o privilégio
de freqüentar seu aconchegante ambiente e desfrutar de momentos mágicos
e inesquecíveis.
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